Biden também prometeu que seu país voltará a aderir ao Acordo de Paris nos primeiros 100 dias de sua administração e nomeou John Kerry, ex-secretário de Estado de Obama (2013-2017) e negociador do acordo como enviado especial para o combate às mudanças climáticas, um novo cargo que fará parte do Conselho Nacional de Segurança.
Otimismo
A chegada de Biden à Casa Branca gerou otimismo sobre o ímpeto que ele poderia dar ao diálogo internacional e à ação coletiva, que hoje é mais urgente do que nunca para enfrentar as atuais crises sanitárias e ambientais. Os Estados Unidos, apesar do retrocesso nos últimos anos, continuam ocupando um lugar central no mundo e têm a capacidade de influenciar e inspirar outros países e atores do cenário internacional a caminharem na mesma direção.
No entanto, também existem fortes razões para duvidar da agenda da política externa de Biden e da possibilidade de uma mudança radical na relação da potência dos EUA com o resto do mundo.
Por um lado, a China preencheu rapidamente parte do vazio deixado pelos Estados Unidos no cenário multilateral, conforme ilustra o caso da Organização Mundial da Saúde (OMS), e consolidou considerável influência em países historicamente alinhados com Washington, incluindo grande parte da América Latina.
Da mesma forma, a política externa de Biden responderá ao clima da opinião pública norte-americana, marcada pela polarização e desconfiança da China compartilhada por democratas e republicanos. De fato, durante sua campanha, Biden prometeu fazer a produção industrial voltar a ser "Made in America" e poderia dar continuidade a iniciativas como o America Cresce, criada por Trump para contrariar o avanço geopolítico do gigante asiático no hemisfério.
Por outro lado, os quatro anos do America First de Donald Trump deixaram uma marca no resto do mundo. Trump gerou simpatia e apoio de outros líderes que se identificam com seu discurso nacionalista e seu estilo populista intransigente. Entre eles estão Xi Jinping, Putin, Erdoğan, López Obrador e Bolsonaro, que hesitaram em reconhecer oficialmente a vitória de Biden. Eles provavelmente se mostrarão relutantes em apoiar iniciativas multilaterais que possam ir contra suas ambições nacional-populistas e agendas políticas pessoais.
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