Elisa Giustinianovich, constituinte independente dos Movimentos Sociais Constituintes, enfatiza que a abordagem de gênero vai além de questões de direitos fundamentais, como uma vida livre de violência ou direitos sexuais e reprodutivos, permitindo incluir outras relações de opressão.
“Por exemplo, na Comissão sobre a Forma do Estado, onde este centro único de impulso político, típico de um Estado unitário centralizado, viola o resto das regiões através de uma espécie de democracia tutelar", argumenta Giustinianovich. "Ou na Comissão de Meio Ambiente, na opressão exercida pelas atividades humanas sobre os ecossistemas, seres humanos e animais. Essa mudança de paradigma oferecida pela riqueza das discussões feministas tem nutrido o debate constitucional”, completa.
Dado que as constituintes também pertecem a outras causas e a seus próprios grupos políticos, o trabalho das feministas tem recebido pouca cobertura midiática, onde se vê diluído pelas demandas de ambientalistas, indígenas, regionalistas e outros grupos. Mas as feministas mostraram sua força com a aprovação dos direitos sexuais e reprodutivos, o que deve se repetir com a provável incorporação da norma sobre o direito à vida livre de violência.
“O fato de não recebermos tanta cobertura da mídia tem a ver com o machismo estrutural, com o patriarcado que nos governa", afirma a constituinte Ramona Reyes, do Partido Socialista. "Através da convenção, iniciamos uma luta histórica, porque nós mulheres temos que nos posicionar com base nas exigências das centenas de milhares de mulheres que nos precederam”, afirma.
Esta reportagem pertence à série Cartas Chilenas, produto da aliança editorial entre #NuestrasCartas e o democraciaAbierta/openDemocracy.
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