O governo colombiano não autoriza o embarque de migrantes nos ônibus na rota Cúcuta-Bucaramanga, exigindo comprovante de nacionalidade ou residência. Embora existam formas de contornar a regra, como a compra de passagens com o número de identidade dado por um cidadão solidário, as inspeções policiais são frequentes e as multas para os motoristas são altas. Motoristas que usam seus próprios veículos para levar migrantes até a próxima etapa da jornada também podem ser multados.
Estes obstáculos forçam os migrantes a embarcarem em uma caminhada a mais de 4 mil metros acima do nível do mar, enfrentando temperaturas que caem abaixo de zero, muitas vezes vestindo nada além de chinelo, camiseta e shorts. Em alguns casos, os migrantes não têm roupas de frio, mas em muitos outros eles simplesmente são incapazes de carregar o peso extra que essa peçam acarretam, sendo forçados a ignorar os sinais de alerta de hipotermia afixados por ONGs ao longo do caminho.
Desde 2015, um quinto da população da Venezuela já deixou o país, com uma média de 2 mil pessoas atravessando a Colômbia diariamente em 2021, de acordo com as Nações Unidas.
Talvez Christopher realize seu sonho de financiar a viagem ao Chile tatuando clientes esporádicos ao longo do caminho. Talvez Kember consiga economizar alguns pesos colombianos novamente e voltar à Venezuela para alimentar seus filhos sem ser roubado pelas forças de segurança de seu país. Enquanto isso, a “complexa crise humanitária”, como os órgãos oficiais definem a situação dos venezuelanos, certamente seguirá seu curso inexorável.
Este artigo faz parte da série "Caminhantes na fronteira da migração", que conta com apoio da Fundação Ford. Leia a parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4.
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